Friday, October 15, 2010

Cidade Proíbida, Eduardo Pitta


A leitura deste livro despertou em mim, enquanto leitor, alguns sentimentos contraditórios. Enquanto que o livro está bem escrito, num português de fazer inveja a muito "escritor" que por aí anda, na verdade o fruto final mal passa de uma laranja de jardim, com muita casca e pouca polpa.

 Lida a obra, sobressai a sensação que, acima de tudo, o que mais se destaca será um certo desabafo por parte do autor. Ou então vários desabafos!

 Eduardo Pitta não é propriamente uma novidade, tendo já alguma obra publicada no campo da poesia, mas esta é a sua segunda incursão pelo mundo da prosa. A obra apresenta-nos a (aparentemente) atribulada relação entre Martim e Rupert. O primeiro português de "boas" famílias, o segundo um inglês proleta (como a secretária de Martim lhe chama a páginas tantas). Ambos vivendo já há alguns anos uma relação amorosa.

 A diferença de estratos sociais e a necessidade de uma vida em comum, será a primeira "cidade proíbida" que Eduardo Pitta nos apresenta. Há uma clara e notória incapacidade de Rupert se relacionar com o meio de Martim (e vice-versa), o que faz com que ambos tenham aí uma constante fonte de tensões na sua relação. A segunda "cidade proíbida" reside na mentalidade fechada do meio de Martim, relativamente à sua orientação sexual, onde ele não pode assumir às claras que Rupert não é um amigo, é para ele bem mais que isso.

 Ao confrontarmos a biografia de Pitta (na wikipedia, confesso) com esta obra, é impossível não nos interrogarmos do quão auto-biográfico ela será, e quantos dos comentários e apreciações desse narrador ausente, não serão a voz do autor a necessitar de se afirmar, de apontar, de tirar um peso dentro de si. Necessidade essa que, parece-me, acabou por toldar um pouco a clareza na hora de explorar as personagens e até mesmo de desmistificar as relações homossexuais em Portugal.

 As primeiras trinta páginas da obra, apenas terão interesse para quem estiver interessado em refazer o circuito homossexual de Lisboa/Londres dos anos 70/80. Aliás tanta procupação com o "onde" e alguns laivos de "o quê", com muito pouco "como", fazem com que a relação central se esbata e apenas com dificuldade, e doses massivas de imaginação, se possa descortinar donde e porque vêm os seus problemas.

 Quase em simultâneo, a família de Martim já era uma família de "bem", quando Maputo era a Lourenço Marques, cidade natal do autor. Estas coincidências acrescem um cunho de relato histórico à obra, que não contribuindo muito para o conteúdo, aumentam um pouquinho o interesse.

 Em jeito de resumo, a obra, para lá do roteiro homossexual, assume-se como pouco mais do que um desfilar de estereótipos, com um certo tom de saudade por um período (colonial) que já não volta, e com pouca dedicação posta no desenvolver as pontas que poderiam contribuir para fazer da obra algo mais. A sensação que fica é que a cidade que Eduardo Pitta nos quer mostrar é tão proíbida, que ele não nos pode mostrar mais do que as suas portas!

Saturday, October 2, 2010

2010 - Blind Guardian - At the Edge of Time

Eis aqui a nova obra de uma das minhas bandas preferidas. Chegou ontem por correio e agora só falta ouvir até ficar com os ouvidos a zunir. Pelo que já tive a oportunidade de "provar" o prato promete!